Alguém já disse que a vida é uma escola e que diariamente aprendemos. Só com o tempo adquirimos a experiência necessária para levar a vida. Dentre as lições, uma bem simples destaco agora: é preciso dizer não em certas ocasiões. A negativa também faz parte das relações humanas e, na hora adequada, beneficia a quem fala e, por que não, a quem escuta. Muitos, no entanto, ainda não sabem dizer a palavra não.

            É uma necessidade premente levar consigo essas três letras e o til necessário à nasalidade. É quase uma arma contra eventuais aproveitadores de sua boa vontade. Boa parte das pessoas está sempre delegando atividades particulares, os próprios afazeres para outros executarem. Por trás de um bom discurso se esconde do pesado e, no final, a parte mais difícil sobra para você. Essas pessoas levam os louros; e você, o encargo.

            A dificuldade de dizer não já te colocou em várias frentes de trabalho alheio, já te fez desenvolver inúmeros projetos que não eram seus. Um favorzinho aqui, outro ali e você vai olhando o seu tempo ir embora. As suas atividades pessoais ou as suas horas de lazer são sempre deixadas para depois. Você vai fazendo as coisas dos outros e as suas vão passando da hora, sendo esquecidas. Seu tempo passa a não ser seu, mas daqueles que conhecem e se apropriam de sua boa fé.

            É preciso estar atento. Os aproveitadores estão espalhados por aí. No trabalho, há sempre aquele que se “encosta” e se acomoda em sua sombra. A parte mais difícil normalmente é de sua responsabilidade. Você dá duro o dia inteiro, prejudica seu horário de almoço e fica sozinho depois do expediente. Na escola, a pesquisa em grupo é quase sempre feita por uma só pessoa, geralmente aquela que não reclama ou não gosta de criar caso. Na hora H, você olha em volta e não há ninguém; depois aparecem todos para garantir a nota. Na igreja, as tarefas nem sempre são distribuídas com boa fé. Aqueles com cara de santo são os mais espertos. Você ora em vão por ajuda e o dízimo maior é você quem paga. Em casa, o sofá e a TV são testemunhas acusadoras das desigualdades. Para não ferir o clima de paz, você cuida de tudo e não se queixa. Na verdade, os laços familiares te prendem e te fazem trabalhar pelos outros. É imprescindível estar pronto para se proteger dizendo não.

            O “sim” deve ser proferido nas horas certas, para as pessoas certas. Deve ser reservado para a participação sadia, sem interesses, para a colaboração voluntária. Não se esqueça de que o seu tempo é seu e ele é o maior bem que possui. Fuja dos aproveitadores. Aprenda a dizer não. É uma lição preciosa que a vida nos ensina.

          Das palavras que nos foram dadas, existe uma que não uso: é o vocábulo “depois”. Neste constante passar dos dias, quando surge uma tarefa qualquer para ser realizada, não consigo ficar enrolando, acomodado em meu canto, inventando desculpas para não agir, protelando a ação, deixando para depois. Se está ao meu alcance, vou lá e faço, cumprindo o lema que trago sempre comigo: se tem que ser feito, que seja logo!

            Claro que primeiramente analiso a necessidade e a possibilidade de efetivação da incumbência, depois parto para seu feitio, sem perder tempo, sem ficar esperando e, principalmente, sem fazer alguém esperar por mim, pela minha iniciativa, pela minha atitude positiva para solucionar a questão. Não há nada mais desagradável que ser cobrado por algo que deveria ter sido e não foi feito. Sinto-me envergonhado sem uma desculpa plausível pela improdutividade, pela inoperância, pela sufocante inércia.

            Em nosso meio, já tive a oportunidade de observar, a maior parte das pessoas são tranquilas. Tenho vários amigos, companheiros de trabalho e até parentes assim. Eles não se preocupam com os outros, nem consigo mesmos, e deixam seu dever para depois, realizando-o apenas na última hora, às vezes com pressa, sem o devido cuidado e capricho necessários. É um costume feio que traz transtornos, correrias e preocupações. Não sabem como é bom ter sempre a consciência tranquila do dever cumprido em tempo, no prazo estipulado, e melhor ainda se for antes dele.

            Iniciativa é o que realmente falta. Muito poderia ser produzido se as pessoas não deixassem quase tudo para depois. A reforma da casa, a revisão do carro, as mudanças no trabalho, os planos para a viagem, a consulta ao médico, a visita ao dentista, a atividade física, o início do regime, a matrícula, o telefonema, a conversa, a visita. Tudo vai acumulando, e o que era simples passa a ser complicado, sem contar que os resultados obtidos nem sempre são os previstos. Tudo por falta de ação, por falta de iniciativa.

            Eu não uso a palavra “depois”. Há muito tempo está riscada do dicionário. É o meu jeito de ser, e faz uma diferença enorme na vida. Em minha agenda, trago os compromissos anotados e as datas exatas de realização. Não deixo para depois; se tem que ser feito, que seja logo!